Friday, August 29, 2008

qual chave?

resistir
ao trabalho do tempo
em nós
transportamos
abismos
abissais


Esta chave não abre .... É preciso: pular as paredes, quando é possível; recolocar as questões, quando é cabível. Exatamente assim. Esta chave, nem serviu nesta porta, uma porta tão comum. Foi deixada em um canto, jogada fora. Foi jogada em um canto do lado de fora de tudo que esconde esta porta. Achando-a, não me passou pela cabeça a idéia de guardá-la comigo. Já são tantas as chaves que suporto que só ocorreu-me deixa-la atrás desta outra porta, dessas duas que ocultam um outro espaço. Portas e interfaces de mundos paralelos, de mundos factíveis, mundos válidos. Penso aqui no quarto que a mais comum das portas dá acesso fácil, e penso também neste armário que agora é lugar de uma chave, sabe-se lá de que porta outra, qual fechadura, apta a movimentar que ferrolho? Enquanto escrevo, olho mais uma vez esta chave, que irá para um armário, no interior de um quarto onde nenhuma das portas disponíveis, aí distribuídas, podem ser abertas com tal chave. Só me cabe deixá-la. Não jogada em um canto qualquer. Não do lado de fora, mas sim dentro do armário, dentro, bem dentro, atrás das portas que a guardam. Mas guardar para quê uma tal chave tão alheia a este espaço?

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