O trem avança
Revitalizador de linhas mortas
(As lágrimas
Nada dizem da inundação
Nem do naufrágio
É o mar das palavras que afoga)
O trem avança
O outro se mostra
(São tantas mortes que viví não sendo
Será que indo
Terei espaço para passos plenos?
Não posso olhar com esses olhos óbvios
Da visada sobre as coisas sobra
Incontinente essa visada excede)
O vulto tem por espaço a sombra
Permanece o que perdeu a cor
(As marcas ficarão
Irão os passos
Faço atenção aos pássaros
Espaço mínimo
Como chorar se posso sorrir
Como qualquer menino?
Ator por atordoado
Dou de ombros)
O trem avança
Alcança a outrem
Ao que tem a dor
Desafiador da linha-mestra
(Agrava-me a sombra dos escombros
Teu pôr atordoa
O vulto envolto pelo manto
O pó povoa o túnel
Sobre esforços
Narinas negam o fluxo
Atenta louca
A boca intenta a educação do movimento
Inventa)
Torpor atordoa
Estrondos
O som pesa sobre os ombros
Você troca os passos
O aço corta
O resto é saudade
Resto mundo pouco importa
O pássaro pousa
Fica uma pena
O resto é vontade
(Não é bonito o pôr do sol
Quando me abandonas
Lá nos escombros
Onde me escondo
Enquanto recomponho
O espaço inteiro
Venta
E espero teu cheiro)
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