Friday, August 29, 2008

TORPOR

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O trem avança

Revitalizador de linhas mortas

(As lágrimas

Nada dizem da inundação

Nem do naufrágio

É o mar das palavras que afoga)

O trem avança

O outro se mostra

(São tantas mortes que viví não sendo

Será que indo

Terei espaço para passos plenos?

Não posso olhar com esses olhos óbvios

Da visada sobre as coisas sobra

Incontinente essa visada excede)

O vulto tem por espaço a sombra

Permanece o que perdeu a cor

(As marcas ficarão

Irão os passos

Faço atenção aos pássaros

Espaço mínimo

Como chorar se posso sorrir

Como qualquer menino?

Ator por atordoado

Dou de ombros)

O trem avança

Alcança a outrem

Ao que tem a dor

Desafiador da linha-mestra

(Agrava-me a sombra dos escombros

Teu pôr atordoa

O vulto envolto pelo manto

O pó povoa o túnel

Sobre esforços

Narinas negam o fluxo

Atenta louca

A boca intenta a educação do movimento

Inventa)

Torpor atordoa

Estrondos

O som pesa sobre os ombros

Você troca os passos

O aço corta

O resto é saudade

Resto mundo pouco importa

O pássaro pousa

Fica uma pena

O resto é vontade

(Não é bonito o pôr do sol

Quando me abandonas

Lá nos escombros

Onde me escondo

Enquanto recomponho

O espaço inteiro

Venta

E espero teu cheiro)

desobediente

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